Saio de casa pela porta das traseiras. Lá dentro deixo a vontade de ir e de ficar e até a de sentir. Deixo também o ar. Comigo levo a minha caixinha de musica e uma mala vazia. Quero enchê-la, portanto. sustenho a respiração.
Não saí há mais do que milésimos de segundos e já sinto falta do cheirinho a papel mata borrão que os teus cabelos transpiravam. Cá fora cheira a mofo; arde-me na pele este cheiro apaziguador. E caio no chão e olho o céu. O azul enjoa-me.
Decido entrar dentro da mala e preenchê-la com aparas de borracha: apago-me, portanto.
Não saí há mais do que milésimos de segundos e já sinto falta do cheirinho a papel mata borrão que os teus cabelos transpiravam. Cá fora cheira a mofo; arde-me na pele este cheiro apaziguador. E caio no chão e olho o céu. O azul enjoa-me.
Decido entrar dentro da mala e preenchê-la com aparas de borracha: apago-me, portanto.
Um dia vou ser um lápis e desenhar-me a mim e a nós, já que hoje somos vento, somos chuva, somos nada.
5 comentários:
forte.
«já que hoje (...) somos nada»
é exactamente isso que somos (eu e ele)
obrigado por clamares pela minha consciência através das tuas palavras
gabo-te a escrita*
Somos tudo. E que seria do 'tudo' sem o 'nada'?
(a tua caixinha de música é tão bonita :')
A tua arte é a arte de escrever.
Fascino-me neste espaço *
Tão lindo *.*
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