segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

a chuva é um pingue pingue.

Fosse o amor uma pedra no meu sapato e eu não seria chuva nesta noite. E que chuva miudinha a bater à minha janela como se quisesse entrar, fazer-se de convidada para me fazer companhia no meu quentinho. Não cheirava a terra molhada, logo não a deixei entrar.
Do outro lado da vidraça, ela falava comigo, mas eu nem sabia o que dizia, ou por não ouvir ou por fingir que não ouvia. Cerrei-me com as minhas duas mãos e preferi dar ouvidos a outras conversas, aos meus lençóis, ao meu escuro.
Fosse o amor duas pedras no meu sapato e eu seria um aperto lá fora. Em vez disso, o amor é meia pedra e um quarto de casa onde não me sinto quente, onde não digo o que sinto e onde só penso o que deveria dizer se tudo fosse mais quente. O amor é também dois nós e meio que dividem a minha barriga em seis janelas e uma porta e também um portão nas laterais.
E sim, é isto que a escola da chuva me ensina em noites em que não a quero ouvir. De certo que aprenderia bem mais se a fizesse cair sobre mim. E um dia eu aprendo o abecedário da chuva. Queres aprender comigo?

1 comentário:

Blue Bird disse...

quero sim, aprender contigo minha matilde. (L)