quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Monstros e companhia.


Demais eram as vezes em que os nossos olhares, precipitados e inquietos, tropeçavam um no outro e ficavam ali assim embebidos num silêncio tão lânguido, tão indolente. Por vezes, preferia que atropelasses tudo o que fomos e somos e até seremos e ignorasses todo o meu físico.
Recordo-me das ocasiões inoportunas em que dizias que parecia um cadáver: um desses com um tom de pele alva e pálida, encarquilhada, gélida, fleumática . Hoje, dou comigo a indagar se não terias razão. Se eu não era (e, talvez, ainda seja) um destroço, uma defunta.
E é, por entre dois goles de café, que acalento a minha a garganta, já tão desbotada e desusada. De pernas acanhadas e comprimidas, escaldo as minhas fantasias e concebo o meu mundo. E reduzo-o a mil instâncias da tua mente, da tua alma, da tua pele.
Genuíno: não sou um cadáver qualquer, sou um aborto, um assombro, um erro com pernas, um vírus, uma desgraça.

5 comentários:

Wilson disse...

Discordo da descrição da última parte.

Não és cadáver, nem aborto, nem assombro, nem erro com pernas, nem vírus, nem desgraça.

És alguém. Mas és uma alguém genuína.

as velas ardem ate ao fim disse...

Eu não te conheço mas pareces me ser muito genuina! Qual aborto qual quê!!

Maria disse...

Porque agora somos dois nós nas nossas sapatilhas. Vamos ser mais fortes. (l)

Marta Dantas disse...

Eu é que sou um boi um verdadeiro aborto.


(Recaída)

NÃOOOOOOOOOOOOOOO

Marta Dantas disse...

Sempre Pálidas....