segunda-feira, 24 de setembro de 2012

a nossa casa (?)



Noite branca. Não há neve; bem pelo contrário: estou cheia de calor. Cheia de me rebolar e de me enrolar em pensamentos gordos e feios.
Entrei na casa, recebida por duas caras quando o que queria na realidade era que a porta se abrisse sozinha e me convidasse a entrar e a dirigir-me ao quarto. Apesar de todos os pesares e de não ter sido isto o sucedido, dirigi-me na mesma ao quarto. Cama por fazer. Fi-la de fresco com lençóis que cheiravam a mim (e como me custaria se outrem os usasse; e como me custaria usar outros se não estes, os meus, os que cheiram ao meu perfume sem grande definição).
A vontade era de deixar entrar pela casa o eco das novas bandas sonoras que ouvi ontem pela manhã, as que alguém de tamanha importância me deu a conhecer. Mas não posso. E tudo me dói quando vejo tudo o que é meu ocupado por outro, tudo dividido, tudo partido em meia-lua, em quartos ou em oitavos. Agora tenho um “eu” elevado a oito a gritar-me por dentro, a reclamar por espaço, por amor, por privacidade. Fiquei mais concentrada, uma versão mais rasca do sunquik.
Pergunto-me como, numa coisa tão pequena, há espaço para tanto egoísmo, tanta futilidade.

A Matilde volta, cheia de olheiras, cheia de si, cheia de sono, farrapo, velha. Mesmo assim, deseja-la? Desejas lê-la?

2 comentários:

MediCirurgEver disse...

"By the cracks of the skin I climbed to the top
I climbed the tree to see the world
When the gusts came around to blow me down
I held on as tightly as you held onto me"

eu leio-te, Matilde.. e não te largo :$

Poppins disse...

Desejo sempre. Por muito tempo que esteja sem vir aqui, é o primeiro sitio onde venho buscar conforto.

Acredita, Cê.