sábado, 12 de novembro de 2011

Um carta para o teu céu.

Não, eu não pedi para crescer. Do mesmo modo que não pedi para nascer e ver pássaros a voarem. Pedi asas mas tu não mas deste. Em vez disso, concedeste-me duas pernas e dois braços. Carregados que estão, têm saudades de pisar o teu chão e de te abraçar.
Olha para mim, aqui no menos um, uns quantos andares abaixo, a querer amar-te. Eu já perdi o sabor do teu sorriso. Desculpa as infinitas vezes que não consigo dar-me. A verdade é que é em ti que descubro o melhor de ti mas o pior de mim. E isso tira-me dias de vida, se não são poucos os que já tive. Lembro-me de poucas coisas (por fraca memória ou por razões que a própria razão desconhece) e isso faz-me pensar que vivi pouco. Ao que me parece, tu ainda viveste menos.
Eu estou cansada - bradaste tu aos céus um dia. Mas eu nunca pude medir ou provar do teu cansaço. Nunca soubes das tuas estórias e isso faz-me lembrar que és nova demais para me puderes ensinar a voar e a andar. Talvez por isso nunca me deste asas.
Não queria deixar de fazer disto uma carta. Mas como as cartas não chegam ao céu, eu fico com ela, na minha caixa de correio.

2 comentários:

Margarida disse...

Gosto mesmo de ler os teus textos. Mesmo muito.

MediCirurgEver disse...

és bonita *.* não só tu Matilde :)