sábado, 13 de agosto de 2011



Posso não te dar um título?
Sim, voltei. Regresso sem o laço azul e talvez sem a mesma ou nenhuma alma branca (como a imaginava). Não é preta mas deixou de ser branca. Talvez nunca tenha sido branca. Falar dela era como não falar de nada e de tudo.
Regresso sem pássaros, sem flores, sem corações, sem ilusões e, quem sabe, sem jeito para ler o que tu esperas escrever com os olhos. Digo tudo pela boca. Regresso sem ideias, e, como podes ver, sem um titulo digno de se dar a um balde de água fria.
Regresso somente com este abraço, sem correr, sem andar. Regresso quieta no meu lugar, sem meias palavras, sem palavras meias, e sem palavras inteiras. E chega de regressos porque os regressos enjoam. Posso então voltar e ler aquilo que te disse: não foi por acaso que houveram jogos de damas, saltos de pé cochinho, cinderelas com pêlos nas pernas, verbos inventados, linha-em-três em vez de três em linha, e entre outras coisas com ou sem mel.
E agora estou em frente a ti, a olhar para as tuas mãos. Elas não mentem. Faz como elas e responde: à tua frente, o que sou?
À minha frente tu és uma alma branca. Olha para as minhas mãos: elas não mentem.

2 comentários:

Margarida disse...

é depois das cinderelas com pêlos nas pernas que se descobrem as almas.

Vicente disse...

Percebes agora o que te disse ontem, sobre para quem escrevias?