segunda-feira, 25 de julho de 2011



Dizias que não me conseguias ler. Ficava assustada com isso. Não percebia o que querias dizer, ou melhor, percebia, mas não na sua essência. “O que significa ler para ti? Vês alguma espécie de letras na cara das pessoas? E que importância tem para ti fazê-lo? Antes não percebia. Dizias que eu era demasiado opaca e eu ficava sentada a olhar para ti e a pensar se estarias a falar comigo em código morse. Posso mesmo afirmar que achava toda a tua linguagem um enigma. Talvez fosse isso que fazia de nós um desafio: tu para mim porque tinhas esse jeito de amar tão inconcebível e imperceptível; eu para ti por não me conseguires ler.
Depois de voares, pássaro azul no céu branco de sol, percebo o que me falavas e o que querias ler em mim. Desculpa não ser clara como a água. Agora sou eu quem quer ler: o que pensas tu aí nesse céu? Gostava que pensasses em mim. Talvez agora saibas ler as minhas meias frases: mesmo que pareçam ser vazias de conteúdo, elas têm sempre metade de mim e metade de ti em mim.
Bye bye blackbird.

2 comentários:

Poppins disse...

Ai ai. Já tinha saudades disto. *

JL disse...

adorei :p