Que insosso o mar.
Depois de me afogar em ti, afoguei-me em mim, na minha banheira, no meu imenso mar insosso. Nunca fui de chorar muito mas agora parece que teve que ser: deixei a água sair, pelo gargalo, ser livre e tocar outro chão. Nunca gostei de sentir que aterro no seco, de mergulhar no vazio. Talvez por isso me tenha afogado.
Estás aí? Ainda me sabes ler? Tenho saudades de ter tempo para te ver os olhos cm a mesma alma com que se olha uma criança enquanto chora no baloiço das manhãs frescas. Desculpa esta minha falta de tempo e olha para mim. Vês como ainda somos iguais? Temos a mesma impressão digital gravada nos olhos, a mesma vontade de chorar sem saber porquê, o mesmo toque (frio, para muitos; no fundo nunca fomos frios: sempre fomos cheios de calor. Só precisamos que nos puxem pela corda).
Agora já és outra, outra pessoa. Eu mudei de banco. Podes sempre ser outra pessoa; eu sei sempre o que és e para mim vais ser sempre a mesma pessoa do banco ao lado. Estás aí sentada e eu não te torno a palavra. Gostava de saber o que te dizer. Da ultima vez que te vi também tinhas caracóis, embora não estivessem tão definidos como agora. Trazias o cabelo apanhado. De qualquer modo, os caracóis não são teus. E como eu gostava de saber os pensamentos que estão escondidos debaixo deles… será que os usas para que os teus pensamentos mais tímidos se possam esconder?
Um dia, vou saber ler pensamentos e vou saber o que pensam as pessoas quando olham para um banco de jardim. Talvez o mesmo que eu. Ou não.
Depois de me afogar em ti, afoguei-me em mim, na minha banheira, no meu imenso mar insosso. Nunca fui de chorar muito mas agora parece que teve que ser: deixei a água sair, pelo gargalo, ser livre e tocar outro chão. Nunca gostei de sentir que aterro no seco, de mergulhar no vazio. Talvez por isso me tenha afogado.
Estás aí? Ainda me sabes ler? Tenho saudades de ter tempo para te ver os olhos cm a mesma alma com que se olha uma criança enquanto chora no baloiço das manhãs frescas. Desculpa esta minha falta de tempo e olha para mim. Vês como ainda somos iguais? Temos a mesma impressão digital gravada nos olhos, a mesma vontade de chorar sem saber porquê, o mesmo toque (frio, para muitos; no fundo nunca fomos frios: sempre fomos cheios de calor. Só precisamos que nos puxem pela corda).
Agora já és outra, outra pessoa. Eu mudei de banco. Podes sempre ser outra pessoa; eu sei sempre o que és e para mim vais ser sempre a mesma pessoa do banco ao lado. Estás aí sentada e eu não te torno a palavra. Gostava de saber o que te dizer. Da ultima vez que te vi também tinhas caracóis, embora não estivessem tão definidos como agora. Trazias o cabelo apanhado. De qualquer modo, os caracóis não são teus. E como eu gostava de saber os pensamentos que estão escondidos debaixo deles… será que os usas para que os teus pensamentos mais tímidos se possam esconder?
Um dia, vou saber ler pensamentos e vou saber o que pensam as pessoas quando olham para um banco de jardim. Talvez o mesmo que eu. Ou não.
1 comentário:
Adorei a simplicidade com que escreveste cada frase. :)
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