Manhã de sábado.
Não poderia abandonar o já rotineiro costume dos sábados matinais a ajudar-te nas tarefas domésticas: limpa aqui, arruma aquilo acolá, varre acoli. Confesso que, por muito que me digam que limpar é uma seca, eu até via nas manhãs soalheiras de sábado um certo carisma. Vai a ver-se e no futuro, quiçá, serei uma empregada doméstica profissional. (O que é que têm? Ok! Provavelmente, não é o sonho de ninguém… mas é um trabalho digno. Não?)
Subi as escadas do sótão para as varrer. Lá estavas tu, pendurada na janela a falar (sozinha). Tentei fazer barulho com os chinelos para não te deixar embaraçada e perceberes que eu estava por perto. Silêncio, foi o que restou quando percebeste que estava a metros de distância de ti.
Diria que falavas sozinha antes de me pôr a pensar que, talvez não estivesses propriamente a falar para ninguém. Pus-me a pensar que talvez falasses para alguém que gostava tanto de te ouvir que permanecia calado, embevecido pelas tuas palavras. Ou talvez até te dissesse muita coisa (mas isso, já é outra história).
No meio disto tudo, eu fiquei com alguma da minha ciumeira barata, daquela que se compra na loja dos chineses. Eu só queria que falasses comigo.
Quem seria a pessoa com quem tanto conversavas? Não sei quem era, mas quem quer que fosse, devia ser uma pessoa bem bonita. Assim como tu mamã.
8 comentários:
a inocência deste testemunho chega a ser de uma doce ternura. gostei. *
Também espero que sim.
Tenho a certeza que A pessoa com quem ela fala é uma pessoa bonita, assim como tu Carolina.
Ler acho que não. Deus não deu propriamente aos animais (pequena exclusão para os que são da mesma raça que este, que aqui e agora escreve) a faculdade de ler. Mas deu-lhes a capacidade de sentir.
E é tão bom sentir-te.
[]
Todos nós temos A nossa pessoa para conversar. Deixa-a ter a dela.
Delicias-me, C. []
parece tão simples saborear cada palavra que escreves..
que brilho intenso é este que a simplicidade tem..... **
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