sábado, 26 de dezembro de 2009

Bicharada de Natal.


É dia de Natal Naturalmente, devia ser um dia bonito. Os meus olhos dizem latejantemente aos meus ouvidos que neste dia há magia no ar. E eu que julgava ser ainda uma criança enganei-me. Não é que não soubesse já há muito tempo que isso era tudo fruto, ainda que podre, da minha fraca tendência para imaginar. Apenas tento todos os dias convencer-me que ainda sou a mesma criança que abre os embrulhos com olhos húmidos, quase holofotes, na agonia de descobris o que está por detrás de tanto papel. Não é que não goste do Natal. Amo-o com todas as minhas lancinantes forças. Apenas não estou vacinada contra os bichos feios que abominam por aí, neste dias.
Lá ao longe, oiço o barulho dos talheres. Há conversas imparciais e desapegadas que, no meu entender, nem chegam a ser rotuladas como conversas. São ruídos vazios, suspensos no ar. Falas moucas, portanto.
Será que existem bichos que têm ciclos de vida infindáveis
?

2 comentários:

Poppins disse...

É curioso porque eu penso como tu. O que não falta por aí são bichos feios.

[]

as velas ardem ate ao fim disse...

Lembra te:

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)


Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.


Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
[Carlos Drummond de Andrade]

Bjos Bom Ano!