Hoje, choves em mim. Tal como esta chuva que me torna um pano mergulhado na água, também tu choves em mim. Cheiras a terra fresca, a terra molhada como tanto te tinha pedido. E já são vagos os dias em que eras solarengo e fazias dos teus braços, duas pinças que abriam e cerravam os seus dentes, como que a prender-me no calor do teu suor rasgado na tua pele. Já são vagas as horas em que te entras como um hóspede em casas de madeira em tom de solstício de verão; em pés de lã, entravas. Eu sabia que estavas ali, sempre, embora fingisse que nem te via entrar. Fingia ser cega, não ter olhos para ti, nem boca, nem cheiro, nem nada.
E agora que me lês, com olhos de oceano, de mar e quebras, com as mãos, os rios de sal que te lavam o corpo, pensas que falo do sol. Digo-te que não, uma vez mais. Eu falo de ti e não de sóis.
Um dia, juro que sou eu que chovo em ti, na tua pele, no teu umbigo.
12 comentários:
o texto é lindo
a foto é maravilhosa
bela dupla
bjos,
Gus
«Um dia, juro que sou eu que chovo em ti, na tua pele, no teu umbigo.»
e isso dar-nos-à um gozo maravilhos :)
"Um dia, juro que sou eu que chovo em ti, na tua pele, no teu umbigo." adorei :')
Gosto tanto tanto deste texto :)
Liindo :)
Adorei =)
Olhos de oceano. []
Quando fizer sol, vale o dobro - porque choveu primeiro.
Nesse dia deixa te molhar!
um bjo
Desta forma até eu passei a gostar de chuva. ;)
Fantástico!
"Hoje, choves em mim."
Fiquei colada ao texto desde a primeira frase. Adorei.
Um dia hás-de chover e hás-de molhar toda essa chuva que já te molhou.
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