quarta-feira, 8 de abril de 2009

amor surdo.


Eu bem que te podia gritar, ganir, sacudir-me de vozes e alterações espontâneas de frequências sonoras que tu permanecias imutável: embevecido na tua música de embalar. Já que não me ouvias a cacarejar, dançava para ti como dança a água da chaleira quando está quente. E passava horas descomunais ali a dançar à chuva, à volta, à volta. Um dia, de tanto rodear a minha saia de pregas cheguei à triste conclusão que afinal o nosso amor começava a ser uma coisa em formato de bola: escorregava quando começava a subir; escorregava quando começava a descer.
Passou-se tanto tempo e em cada tempo que passa continuas a ser aquela incógnita, aquele x ou aquele y que não tem fórmula certa aqui dentro. Gosto de não saber o que dizer quando te vejo porque havemos de manter sempre a essência do primeiro beijo, do primeiro toque, do primeiro, do mesmo amor.

9 comentários:

Maria disse...

para mim, em mim, és um amor bonito.

Eli disse...

Ando um pouco pelo Luxemburgo, Alemanha, França e Bélgica. :)

Anónimo disse...

Coisa estranha o amor!

L1MON disse...

viver o passado para que?, se podes viver o presente.[]

Joana M. disse...

o amor, como uma bola, escorrega. seja para cima seja para baixo.


amor surdo - perfeito.

L1MON disse...

nem todos os presentes são vazios de conteudos..se não os abres, nunca saberás o que têm dentro.

L1MON disse...

por vezes o presente mais pequeno e com o embrulho mais "caneta sem tinta" contem aquilo que mais precisas. ja pensas-te?

she. disse...

Não passava por aqui, já há algum tempo.
Mais um texto magnífico.
A essência de como tudo começa, é a mais bela das essências do amor.

um beijo, que rodopia mas tocará sempre na tua face*

L1MON disse...

entendo. a seu tempo começarás a dar mais valor ao pequeno e vazio presente que tens, e no fim aquilo que te parecia vazio acabará por estar cheio, assim como que por magia.