sábado, 22 de novembro de 2008

Mal-me-quer.


Foram mais que mil as vezes que te peguei nas minhas promíscuas e asquerosas mãos e te roubei as pétalas como se fosses um jogo muito fácil de jogar. Deixava-as ali caídas redondas no meio do chão junto das restantes folhas vermelhas e carnudas que me deixavam desnuda, já muito secas, já muito sem vida.
Sabes que gostava de pisar estas mesmas folhas? Não? Pois então, digo-te que gostava. Ficava enternecida quando ouvia o seu estalido rugoso e voraz. E eu pisava todas como se fosse um saltimbanco arrebatado.
Olha, por exemplo, ainda agora degulei mais uma das tuas vidas e desfiei todas as tuas pétalas: mal me quer, bem me quer, mal me quer, bem me quer, mal me quer (...) mal me quer. A última caiu mais devagar do qu todas as outras, mais sorrateiramente. No entanto, quando poisou no chão lodacento, fez um buraco íngreme. Mais íngreme que eu. Mais íngreme que tu. Mais íngreme que tu e que eu.

5 comentários:

Maria disse...

bem-te-quero. []

she. disse...

Esse som foi o de uma nova vida, o da nossa vida, o do grito que afugentava o mal (...)

Wilson disse...

[Quando cliquei para comentar pensei em escrever "Bem-te-quero", mas a 'Coisa' antecipou-se :S]

O que é que eu vou escrever? :O

Marta Rosa disse...

Não acredito, não consigo acreditar .

as velas ardem ate ao fim disse...

Eu adoro papoilas...acho que pela fragilidade...não sei...

um bjo