sábado, 15 de novembro de 2008

Balde meio vazio, meio cheio.


Ás vezes, quase pareço um balde meio vazio e descomposto que tu repudiaste com a mão e contornaste com um lápis de grafite para que todos e ninguém se dessem conta da sua presença aqui e em lado nenhum.
Aqui, assim, no chão frio, sou mais uma prateleira onde, criaturas como tu, despojam os seus horrores e desencantos sem dó nem piedade. Eu, guardo-os como se fossem vida: a minha vida. E não há nada que eu guarde tão bem como aquilo que me oferecem de presente. Julgo que já me ofereceste mais do que bastantes: uns embrulhados em cetim voraz; outros de laço ao peito e muito frenéticos na ânsia de serem vislumbrados; outros, ainda, desnudos e despidos de fantasias e formosuras, olhando para mim com olhos de quem carece de alguém que oiça os seus murmúrios e rumores.
Afinal, não sou um balde meio vazio: estou só meio cheio.

5 comentários:

Maria disse...

Ofereço-te um presente, também. Ofereço-te o meu coração.

she. disse...

Guardamos no silêncio, os presentes que nos oferecem perante a luxuosa decompostura de dor.
Também estamos assim meios vazios de felicidade, meuios cheios de dor.

Um abraço, este sim, cheio de carinho.

J' disse...

(Pre)enches-me.

Obrigada. *

Wilson disse...

Meio cheio é sempre melhor que meio vazio, disse-me o optimismo...

Marta Dantas disse...

O Bicho Voltou....


Quero o teu abraço