E ali estávamos os dois muito sentados no soalho do nosso espaço pequeno. Embrulhados no nosso ódio mútuo, trocávamos palavras de amor e bem-querer. Com o tempo, os nossos vocábulos foram-se sumindo ou, quem sabe, não se tornaram apenas mais submissos às nossas provas e jogos de amor. As nossas promessas deixaram de ser compostas por actos ilocutórios e converteram-se em passatempos formais e herméticos: no fundo, não deixávamos entrar neles qualquer tipo de esboço da nossa mente, da nossa alma e deixávamos os afectos de parte.
Hoje estou sentada, mais só do que sózinha, no mesmo soalho, agora mais pequeno e exíguo. É promíscuo como todos me vêem, mas ninguém me sente: provavelmente, sou um pedaço de uma bagatela incorpórea. Sim, é isso.
3 comentários:
"É promíscuo como todos me vêem, mas ninguém me sente: provavelmente, sou um pedaço de uma bagatela incorpórea. Sim, é isso."
Só digo isto: Não és.
A borracha apaga as linhas escritas.
Sento-me, agora, nesse lugar vazio ao teu lado.
Tens umas fotografias bastante bonitas. Desculpa a invasão.
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