terça-feira, 21 de outubro de 2008

Crescer, volver páginas.


Já não sou a menina da correria sobressaltada, dos tropeções e quedas no soalho e arranhões com suor a sangue no joelho e mais meia dúzia de sulcos na pele. Cresci e tudo o que cresci devo-o o Ti.
À luz dos meus olhos sempre foste uma miragem, um sigilo promíscuo que nunca ninguém me pode (ou quis) desvendar. O Teu silêncio mais parecia um ponto final e eu voltava atrás vezes infindáveis embalada na esperança de que iria tornar mais nítidos os Teus fraseados. Mas percebia sempre o mesmo ponto zero, sempre o mesmo nada.
Hoje abraço a Tua mudez e faço dela o meu brinquedo favorito. E Tu retribuis a brincadeira no gesto ambíguo para muitos. Retratas todo o Teu amor numa só página, numa só linha abrupta. Absolve-me se são muitos os dias em que não passo das primeiras páginas do nosso livro e me fico pelo Prefácio. Erradica-me para o último capítulo, a última frase, a última sílaba da última frase.

1 comentário:

Maria disse...

Escrevemos agora as nossa linhas, também. (l)