sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Pássaros vistos do céu.


Eras um pássaro visto cá de baixo. Perduravas tantas vezes no meu oblíquo e taciturno silêncio, que chegava a ouvir-te apenas em momentos de profundo desespero: mas estavas lá, pelomenos, eu sabia que sim.
Não me julgava as tuas asas. Julgava-me apenas mais uma pedra no teu sapato. Uma dessas obesas e com estrias por tudo quanto é curva. Não obstante, dizias que te fazia voar. Fazer-te voar? Obsceno, quando nem eu própria levanto um dedo do chão que piso de tão densa que sou.
Eram muitas as tardes quentes que te esperava ali naquele mesmo local, à mesma hora demorada e esguia de sempre. E aguardava ali deitada horas a fio. Enquanto não regressavas para o meu lado, contava cada pensamento meu e associava-o a uma nuvem que vacilava sobre todo o azul ciano do céu.
Chegavas, por fim. Ou, pelo menos, era o que eu achava.

3 comentários:

Marta Dantas disse...

A nossas curvas pesadas, são a coisa mais bela do mundo.

(E arredores!!!)


Pensa nisto....

Marta Dantas disse...

Procuro um abraço teu....

(Apertado)

Wilson disse...

Pessoalmente, considero-te mais asas do que pedras. Ainda por cima pedras obesas e com estrias.

Quando falares com a bactéria pede-lhe para não se vingar de mim, mas sim do Listerine, do Dettol, do CIF... ;D