terça-feira, 2 de setembro de 2008

ouve-me,


«Dá-me um café bem forte, até porque eu detesto café, e senta-te. Não; senta-te como eu: assim, com os pés colados um ao outro, joelhos dobrados para fora, como se formasses as asas de uma borboleta. Agora escuta-me só um bocadinho. Não te peço mais que 5 minutos.»

Fizeste das minhas palavras meros sopros virtuais de vento: não me ouviste. E tudo porque estavas mais ocupado com uma meia rota. Pois então, fica com a meia que eu fico com o meu umbigo e com a minha borboleta, já para não falar do meu egoísmo que é o meu companheiro ocasional todos os dias. Fica lá com as tuas presses e rezas descontínuas e olha para mim como pequena que sou. Ignora-me, também, e dá pontapés no meu cabelo eriçado e queimado do sol. Faz troça das minhas palavras medíocres e gastas de suor. Não ruborizes, que não vale a pena, nem engordes a tua consciência com más línguas e memórias vulgares e triviais.
Posso ser pequena, mas não sou uma formiga. Ouve-me, só.

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