sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Mãos, para que te quero?


Pergunto-te éne vezes coisas infinitas mas tu pareces sempre ter os ouvidos encalacrados de entulho e bodegas que eu própria desconheço. E, como é de prever, não ouves. Cerras todos os sentidos de mim e a conversa passa a ser, não de ti para nós nem tão pouco de mim para nós, mas de ti para ti. Ouves-te demais: também eu te oiço, tantas vezes. Dá-me vida ouvir a tua voz doce e quente, cheia de prumas e flâmulas a voar que nem essas gaivotas que pairam céu adentro. Mas sabes, todos os poços têm fundo: o meu está a ficar cheio demais. Já desaguou nele tanta palavra, tanto vazio, tanto de tanta coisa que, hoje, está prestes a vazar. E eu, não sou ténue: não flutuo. Não passo, se não, de uma dessas assombrações colossais que têm um porte superior ao do chumbo. E afundo, portanto.

Sabes, às vezes acho que já vivi demais: não achas o mesmo?
O teu comum silêncio diz tudo.

2 comentários:

Wilson disse...

Antes de mais obrigado pelos comentários e pela referência do meu blog no teu blog. Farei o mesmo no meu :)

Isto de jornalista... Sim, parte de mim gostava de ser jornalista.

E sim, o dia correu bem... Nem sempre se pode confiar na Maya, senão uma pessoa, com tantos dias maus, nem saía de casa.

Quanto ao teu blog: ainda não deu para ler tudo... Esta hora (0:15) é um bocado complicada. Li o primeiro post e gostei. O vocabulário, a maturidade que transmites pelas palavras. Muito bom.

E eu acho que te conheço :D

(Não ligues à sondagem. Mesmo que o pessoal me mandasse embora daqui eu não ia. Eu é que decido o que faço e o que quero. Há que ter atitude.)

Marta Dantas disse...

Sim já vivemos de mais o que não é para ser vivido...


Silêncio.