Foram tantas as vezes que não te vi no teu sossego taciturno, no teu silêncio desembocado e aquoso. Parecias não querer ver a minha dor e passavas horas a fio a contemplar-te ao espelho como se fosses a única neste mundo a poder ser prezada. Na verdade, não davas valor aos teus olhos, à tua peculiar boca por onde transpiravas doces palavras que hoje gravo numa gaveta fechada. Odiavas todas as curvas do teu corpo, dizendo que eram demasiado tortas e esguias e com muitos remendos e costuras. Abominavas as tuas pernas porque, no teu entender, eram feitas de escárnio teu e, quiçá, não havia outro alguém a desdenhá-las (mas isso, só tu e Ele sabem). Para meu grande espanto, reconhecias que os teus seios eram pequenos! E eu que sempre pensara que os achavas dois grandes faróis de camiões.
Sabes, no outro dia olhei para ti, como que a bisbilhotar a tua inocência e a tua deterioração. Estavas tão débil, ali. Os teus minuciosos braços faziam transparecer os teus ossos. Tinhas uma lâmina na tua mão: com veemência, raspava-la na mão e no antebraço. Fechei os olhos com as mãos e não vi mais nada.
Sabes, no outro dia olhei para ti, como que a bisbilhotar a tua inocência e a tua deterioração. Estavas tão débil, ali. Os teus minuciosos braços faziam transparecer os teus ossos. Tinhas uma lâmina na tua mão: com veemência, raspava-la na mão e no antebraço. Fechei os olhos com as mãos e não vi mais nada.
2 comentários:
Deixa que os meus braços gordos te abracem.
O Espelho está nu e cego.
Estou uma embalagem de banha de porco.
Ainda bem que te segui vinda de outro blogge.
Tens aqui um espaço dos melhores que já li,fantastico.Vou passar a ser visita assidua.
bjo
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