Olha quem chegou. Foste tu e não eu.
Sempre o mesmo a falar a palavras meias e, como se isso não
bastasse, até sem abrir a boca tu dizias coisas que eu nunca consegui
compreender (acho eu).
Fazias-me perguntas que eu achava que não eram apenas feitas
por mera cusquice; tenho a certeza que tinham um sentido. E que crescido estava
o teu sentido; mesmo se nunca te conheci como já foste, eu sabia que estavas
crescido.
E pergunto-me se ser crescido é um estado depreciativo da
condição humana. E há coisas que me respondem aos olhos que “Sim”, que crescer
é ser um refém do corpo, da velhice, da monotonia, dos dias iguais a outros
dias. Outros que me fecham os olhos e me escrevem a resposta nas mãos: crescer
é descobrir todos os dias coisas novas, em qualquer idade.
As mãos não mentem; mas o que é certo é que eu cresci mais
dez centímetros desde a ultima vez que me medi e continuo a mesma desde então:
a mesma clave de sol muda, a mesma com os olhos pesados, a mesma a sangrar
(ainda mais) das narinas em dias aleatórios. A mesma. Mas mais vazia, mais sem
ar, mais sem brilho, com ainda menos palavras, mais presa ao seu próprio corpo,
sem ar, sem vida, sem nada.
E lá está, crescer é ficar com os pés presos ao chão: é difícil
voar mesmo tendo asas.
E tu, como cresceste?
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