quarta-feira, 24 de agosto de 2011

os anjos não existem.

O céu não é o limite. E o céu também não é como imaginava.
Hoje morri, o meu maior sonho. Não cumpri a ordem natural das coisas e não foi estruturalmente organizada como de costume; troquei o sentido das coisas: primeiro morrer e depois realizar os restantes sonhos. Morri e nem sei como; era como queria morrer: de facto, sempre pensei em modos de morrer mas nunca descobri um realizável.
E hoje morri: não muitas vezes. Uma bastou para perceber que o céu não é como imaginava: um sitio de tons verdes cheio do azul de céu, em silêncio, e com flores, com muitas flores. Que bonito! – pensava que; e Que fatela! – pensas tu. O céu é um buraco onde cais e onde estás melhor porque não tens terra e não podes pisar. O meu céu não tem limite. E o meu céu pode não ser o teu céu. O meu céu é sozinho comigo e caminhamos sem chão os dois: eu desço (com a minha sombrinha sobre a cabeça que me protege da chuva que também não há no meu céu) e ele sobe, portanto, não caminhamos lado a lado. Ambos flutuamos, eu graças à sombrinha, ele graças a algo que ainda estou por descobrir. E não estou descalça com roupa branca: estou escarlate. Agora pensas que morri de sangue: não. A minha morte foi lívida. Não voei como um balão enquanto morria nem vi uma luz branca lá ao fundo. Em vez disso, fechei os olhos e quando se fecha os olhos não se vê nada a não ser aquilo que sempre julguei serem átomos, pontinhos estranhos que colidem entre si como se não tivessem olhos para evitarem o choque. E o meu céu não é muito mais que isto. Ou se calhar é, mas isso é outra história. De uma coisa tenho a certeza, do meu céu posso ver a tua terra.

E o teu céu, como é?

1 comentário:

Vicente disse...

Para mim não és a mesma se não disseres milhares de vezes "átomos, pontinhos estranhos que colidem entre si como se não tivessem olhos para evitarem o choque" =P ainda me lembro quando nos perguntavas se seriam mesmo átomos ? =')